A procura
Numa época em que as carências afetivas parecem estar em alta, um anúncio anônimo em um mural chama a atenção dos que passam. Todos, sem exceção, param e lêem:
Procura-se um homem. Um homem que não tema a ternura. Que se atreva a ser frágil quando necessite se deter para recuperar as forças para a luta diária.
Um homem que saiba proteger o ser a quem devotar o seu amor. Um homem que queira e saiba reconhecer os valores espirituais e que sobre eles saiba construir todo um mundo.
Um homem que, em cada amanhecer, saiba ofertar amor com toda a delicadeza para que uma flor entregue com um beijo tenha mais valor que uma jóia.
Procura-se um homem com o qual se possa falar, que jamais corte a ponte de comunicação. Um homem a quem se possa dizer o que se pensa, sem temor de que se ofenda e que seja capaz de dizer a sua esposa, namorada ou mãe que a ama.
Procura-se um homem que tenha braços abertos para que sua amada neles possa se refugiar quando se sentir insegura. Que conheça sua fortaleza, mas que nunca se aproveite disso.
Um homem que tenha os olhos abertos para a beleza. Que domine o entusiasmo e que ame intensamente a vida. Um homem para quem cada dia seja um presente de valor incalculável que deve ser vivido plenamente, aceitando a dor e a alegria com igual serenidade.
Um homem que saiba ser sempre mais forte que os obstáculos. Que jamais se apavore ante a derrota e para quem os contratempos sejam mais estímulos que adversidade, mas que esteja tão seguro de seu poder que não sinta necessidade de demonstrá-lo a cada minuto em empreendimentos absurdos somente para prová-lo.
Um homem que não seja egoísta. Que não peça o que não ganhou, mas que sempre faça esforços para ter o melhor.
Um homem que saiba receber carinho, tanto quanto demonstrá-lo.
Um homem que respeite a si mesmo, porque assim saberá respeitar os demais. Que não recorra jamais à ofensa, que sempre rebaixa quem a faz.
Um homem que não tenha medo de amar, nem que se envaideça porque é amado. Que goze o minuto como se fosse o último. Que não viva esperando o amanhã porque talvez ele nunca chegue.
Finalmente, quando este homem for encontrado, qualquer mulher o desejará amar com intensidade e com ele compartilhar a sua vida.
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Todos temos fome. Fome de pão, fome de amor, fome de conhecimentos, de paz e de amizade.
A fome de pão que tanto aparece é a que mais comove e, contudo, os outros tipos de fome são mais difíceis de serem saciados.
A fome de amor, dentre todas, é a mais difícil de ser saciada. Muitos passam a vida inteira sem que ninguém lhes estenda uma migalha de carinho.
Aprendamos a reconhecer a fome de quem nos fala, de quem conosco convive, entendendo que quanto maior a fome, mais escondida se encontra e a busquemos saciar.
Recordemos os versos da oração franciscana: senhor, que eu ame mais do que pretenda ser amado...
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base nos capítulos "Todos temos fome" e "Minha procura não é simples", do livro Um Presente Especial, de Roger Patrón Luján.