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O antigo hábito do duelo

   

O duelo figura na História da Humanidade como uma prática violenta e injusta.

Por muito tempo, as legislações admitiram esse genuíno resquício da barbárie.

Ele consistia na exaltação do mais desmedido e descontrolado orgulho, embora travestido de honra.

Sua lógica era a de que a honra se lavava com sangue.

Entretanto, o homem verdadeiramente honrado não precisa matar ninguém, a fim de atestar essa sua qualidade.

A honra é um atributo espiritual de quem cumpre todos os seus deveres, inclusive os de humanidade.

E é desumano matar alguém, por mais grave que seja a ofensa recebida.

Quando se admitia o duelo, era considerado prova de coragem dele participar.

Na verdade, tinha-se apenas exibicionismo social e arrogância, sem qualquer preocupação ética.

O duelista treinado não passava de um homicida.

Ele se lançava na empreitada ciente de sua supremacia.

Já o que aceitava o desafio sabendo-se em desvantagem cometia suicídio.

Ambos violavam os Códigos Divinos.

Teriam tempo de se arrepender do orgulho a que se entregavam.

Essa prática infeliz deixava viúvas e órfãos, por cujas dores e provações os duelistas no futuro responderiam.

Lentamente a legislação humana evoluiu.

Hoje não mais se admite o duelo.

Entende-se que a honra não se conquista ou se mantém à custa de homicídios ou suicídios.

Mas a criatura humana é sempre herdeira de suas más inclinações.

Antigos hábitos do passado espiritual não desaparecem com facilidade.

Orgulho, arrogância, prepotência, egoísmo, ódio e ressentimento são vícios que ainda pesam fundo na economia moral da Humanidade.

Esses sentimentos cruéis são a herança do que se viveu no pretérito remoto.

Superá-los é o dever de todo homem comprometido com ideais de paz e redenção.

Como visto, hoje não há mais duelos de vida e morte.

Mas as criaturas permanecem se digladiando por bobagens.

Embora não armados, tais confrontos permanecem bastante nocivos.

Eles tiram a paz e semeiam tragédias.

No lar, no ambiente de trabalho, no meio social, os indivíduos se melindram, com grande facilidade.

Ao invés de conversarem e acertarem as diferenças, cultivam mágoas e ódios, à semelhança de tesouros.

Tão nefasto cultivo um dia explode na forma de violentas discussões.

Na falta de coragem para enfrentar o presumido opositor, não são raros os que lançam mão da maledicência.

Tornam a vida do desafeto um inferno, ao espalhar em torno de seus passos as sementes da desconfiança.

Onde ele antes via sorrisos e simpatia, passa a confrontar má-vontade e cara feia.

Há ainda quem duele mentalmente, desejando o mal àquele que supostamente o ofendeu.

Os pensamentos negativos por vezes atingem o destinatário, se este vibra em faixa equivocada e também se entrega a remoques.

Mas sempre empestam a atmosfera espiritual de quem os emite e geram mal-estar e enfermidades.

Ciente dessa realidade, preste atenção a como você reage a provocações e desentendimentos.

Saiba que há mais coragem e sabedoria em relevar do que em revidar as ofensas.

Cesse com o triste hábito de duelar e ofender e passe a perdoar e compreender.

Uma vida honrada é a melhor resposta a provocações.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVII, do livro Jesus e vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.