Livraria 18 de Abril

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Procura-se um amigo

   

No mural de avisos da empresa, alguém colocou um papel digitado em letras grandes, que dizia:

Procura-se um amigo.

Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento, ter coração. Precisa saber falar e saber calar no momento certo; sobretudo, saber ouvir.

Deve gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e do murmúrio das brisas.

Deve sentir amor, um grande amor por alguém, ou sentir falta de não tê-lo.

Deve amar o próximo e respeitar a dor alheia. Deve guardar segredo sem sacrifício.

Não precisa ser puro, nem totalmente impuro, porém, não deve ser vulgar.

Deve ter um ideal e sentir medo de perdê-lo; se for assim, deve perceber o grande vazio que isso deixa.

Precisa ter qualidades humanas; sua principal meta deve ser a de ser amigo; deve sentir piedade pelas pessoas tristes e compreender a solidão.

Que ele goste de crianças e lastime as que não puderam nascer e as que não puderam viver. Que goste dos mesmos gostos; que se emocione quando chamado de amigo; que saiba conversar sobre coisas simples e de recordações da infância.

Precisa-se de um amigo para se contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos sonhos, das realizações e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água, de beira de estrada, do cheiro da chuva e de se deitar no capim orvalhado.

Precisa-se de um amigo que diga que a vida vale a pena, não porque é bela, mas porque já se tem um amigo.

Precisa-se de um amigo para não se chorar, para não se viver debruçado no passado.

Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo. Precisa-se de um amigo que creia em nós.

Precisa-se de um amigo para se ter consciência de que ainda se vive.

* * *

Há, no mundo moderno, muita falta de amizade. O egoísmo afasta as pessoas e as isola.

Contudo, não se pode viver sem amigos. Eles são a aragem branda no deserto das dificuldades.

São eles que nos oferecem o coração que compreende e perdoa, nas horas mais amargas da vida.

Sustentam-nos na fraqueza e nos libertam nos momentos de dor.

Quando a discórdia nos atinge, são eles que estendem os recursos da amizade leal, confortando-nos a alma.

Discretos, os amigos se apagam para que brilhem aqueles a quem se afeiçoam.

* * *

A amizade é o sentimento que imanta as almas umas às outras, gerando alegria e bem-estar.

É suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção.

Portadora de paz e alegria, a amizade é presença fundamental nos amores de profundidade.

Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, os laços da união não se rompem se existe amizade.

E, quando os impulsos sexuais do amor passam, a amizade fica, porque as suas raízes se encontram firmadas no afeto seguro, nas terras da alma.

Redação do Momento Espírita, com base em texto homônimo, de autor desconhecido, do livro Momentos de luz, ed. Kuarup e no livro Momentos de Esperança, cap. 9, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo PereiraFranco, ed. Leal. Em 06.05.2008.