Livraria 18 de Abril

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Pessoas sem nome

   

- Por que o café ainda não foi servido até essa hora?

Pergunta, um tanto irritado, o empresário, sentado em sua confortável poltrona, às nove horas da manhã.

A secretária responde meio assustada:

- Então o senhor não sabe? A dona Margarida morreu ontem à noite.

- E quem é a dona margarida? Perguntou o patrão.

- A dona Margarida era a copeira que lhe servia o café todos os dias, fazia quase oito anos.

- Ah, e ela se chamava Margarida?

Sim, responde prontamente a secretária. Mas o senhor não se preocupe que logo seu café será servido, pois outra copeira já está sendo providenciada.

O que aconteceu com esse empresário, acontece com boa parte dos homens de negócio com relação a essas pessoas "sem nome" que lhes servem com dedicação diariamente.

Elas chegam antes de todo mundo. Tomam as primeiras providências para que, ao chegar o patrão, tudo esteja em ordem e elas possam atender com rapidez.

São criaturas anônimas que cumprem a sua tarefa humilde e, além do salário no final do mês, recebem apenas ordens e broncas.

Mães que, por vezes, carregam grande amargura em seus corações dilacerados pelos filhos-problema, sem que ninguém se interesse por sua triste sina.

Outras vezes, levam a dor de suportar um marido alcoólatra, sem receber, sequer, uma palavra de esperança daqueles a quem servem com dedicação.

Assim como a copeira, há outros tantos "sem nome" dos quais depende boa parte dos serviços realizados no dia-a-dia.

É o porteiro que sempre está no seu posto antes de todo mundo. O ascensorista que desce e sobe horas a fio, tantas vezes mergulhado em suas dores íntimas sem que nenhuma das centenas de pessoas que ele leva e traz lhe pergunte, com interesse, sobre a sua família.

É o office-boy, quase sempre jovem ou adolescente que trabalha de sol a sol para ajudar no sustento da família e que, nos seus verdes anos, aprende a conviver com a indiferença daqueles a quem serve.

A faxineira, que mantém tudo limpo, ganha bronca daqueles que não querem ser incomodados durante o expediente, e muitas vezes adentra a noite para fazer seu serviço sem perturbar ninguém.

É o jardineiro, que quase é confundido com a própria paisagem, tantas vezes com terra até nos cabelos.

Essas criaturas, são pessoas sensíveis à dor e às boas emoções.

Um olá, um bom dia ou boa tarde, acompanhados de um sorriso sincero, pode fazê-las muito felizes e ajudar a mudar a sua paisagem íntima.

São seres humanos lutando com dificuldade para prover o sustento com honradez.

Uma gentileza não custa nada e ajuda muito, a qualquer pessoa.

Saber seu nome, interessar-se pela sua situação, amenizar as suas dores se for possível, não maculará a nossa posição, pelo contrário, nos eleva diante de Deus, criador de todos nós.

Talvez alguns pensem que fazendo isso perdem a autoridade, mas é bom lembrar que a verdadeira autoridade não se expressa com a indiferença.

Abraham Lincoln se importava tanto com seus soldados a ponto de estar junto deles sempre que possível, e foi um dos presidentes mais respeitados de que se tem notícia.

Pense nisso!

As pessoas que estão à sua volta, não estão aí por ordem do acaso.

Há, perante as leis divinas, uma razão muito especial para elas estarem sob os seus cuidados e sob a sua autoridade.

Por essa razão, preste atenção em todas e verá que elas o observam e lhe seguem o exemplo, mesmo que, para você, elas sejam apenas pessoas "sem nome".

Pense nisso, mas pense agora!

Redação do Momento Espírita