Livraria 18 de Abril

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Fazer o bem sem olhar a quem

   

A guerra do Vietnã havia acabado fazia pouco tempo...

Deixou uma soma de soldados mutilados e grande quantidade de guerreiros mortos.

Dentre os sobreviventes, um soldado estava finalmente voltando para casa.

Antes de embarcar para a cidade onde morava, resolveu telefonar para os pais e contar a notícia.

Mãe, pai, eu estou voltando para casa e gostaria de lhes pedir um grande favor. É que tenho um amigo, também sobrevivente da guerra, que pretendo levar comigo.

Claro, responderam os pais solícitos.

Nós adoraríamos conhecê-lo!

Todavia, diz o filho, há algo que vocês precisam saber: ele foi terrivelmente ferido durante a batalha, pisou em uma mina e perdeu um braço e uma perna. E como não tem nenhum lugar para onde ir quero que ele vá morar conosco.

Depois de um breve momento de silêncio do outro lado da linha, a resposta veio:

- Sentimos muito, filho. Nós talvez possamos ajudá-lo a encontrar um lugar para morar, mas infelizmente não podemos traze-lo para nosso lar.

- Não, mamãe e papai, eu quero que ele more conosco, suplicou o rapaz.

Filho, disse o pai, você não sabe o que está pedindo.

Alguém com tanta dificuldade seria um grande fardo para nós.

Nós temos nossas próprias vidas e não podemos deixar que uma coisa como esta interfira em nosso modo de viver.

Acho que você deveria voltar para casa e esquecer o rapaz. Ele encontrará uma maneira de viver por si mesmo.

Naquele momento, o filho desligou o telefone. Os pais não ouviram mais nenhuma palavra dele...

Alguns dias depois, receberam um telefonema da polícia com a triste notícia...

O filho deles havia caído de um prédio.

A polícia acreditava em suicídio.

Os pais, angustiados, tomaram o avião e foram ver o que acontecera com seu filho querido.

Levados para identificar o corpo descobriram, para seu horror, que o soldado mutilado era seu próprio filho.

Ambos sentiram, naquele momento, como se uma navalha lhes dilacerasse o coração.

Perceberam que ao negar ajuda a um rapaz desconhecido, desprezaram o próprio filho que desejava saber como seria tratado ao voltar para casa com as mutilações da guerra.

***

Fazer o bem sem olhar a quem: eis a chave segura para quem deseja colaborar com Deus em todas as circunstâncias.

Considerando que todos somos filhos do mesmo pai, irmãos, portanto, devemos ajudar sem condições.

Considerando, ainda, que voltamos ao corpo físico diversas vezes em corpos diferentes, pela lei de reencarnação, ao negar amparo a alguém que nos é estranho na presente existência, podemos estar desprezando um familiar querido de outras épocas.

Assim, vale a pena ajudar sempre na medida das nossas possibilidades, sem impor condições, conforme ensinou Jesus.

O amor desinteressado, nas suas manifestações fraternas, converte os braços em asas da caridade para o vôo aos cimos da vida.

Redação do Momento Espírita