Livraria 18 de Abril

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Honrando nossos mortos

   

Conta-se que um homem colocava flores sobre o túmulo de um parente, quando viu outro homem colocar um prato de arroz na lápide ao lado.

De forma desdenhosa, lhe perguntou:

O senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?

Mais do que depressa, respondeu o interpelado:

Certeza absoluta. No mesmo momento em que o seu vier cheirar as flores.

O diálogo parece agressivo. Mas o que ressalta é a falta de respeito que temos uns para com a forma de pensar e agir dos outros.

Estamos sempre prontos a criticar, sem nos darmos conta de quantas vezes não estaremos nós sendo tolos em algumas das nossas atitudes.

Criticamos o vizinho porque coloca alimentos sobre o túmulo, pois guardamos a certeza de que, aquele que adentrou a aduana da morte, não virá se servir deles.

No entanto, não atentamos que nós mesmos estamos acendendo velas e oferecendo flores.

Seria de nos indagarmos: cera queimada iluminará o caminho da consciência de quem se encontra na Espiritualidade?

O perfume das flores que deixamos sobre o túmulo alcançará a alma onde se encontre, dizendo-lhe que a recordamos?

Também mostramos a nossa ignorância quanto a culturas diferentes da nossa.

Por que uns colocam alimentos sobre os túmulos, enquanto outros acendem velas e oferecem flores?

Por que alguns vão ao túmulo para orar pelos seus mortos, por vezes, vindo de muito longe para assim os homenagear?

Por que outros tantos não comparecem aos cemitérios senão para providenciar os cuidados devidos com o túmulo e oram em suas casas, em seus templos?

Por que uns honram a morte e outros cantam a Imortalidade?

Isso ocorre porque os homens, na Terra, nos encontramos em estágios evolutivos bem diferentes uns dos outros.

Alguns de nós ainda trazemos o atavismo de eras passadas, quando os antigos entendiam que deviam aos mortos todos os cuidados de quando estavam sobre a Terra.

Por isso, os alimentavam periodicamente, levando guloseimas e bebidas aos seus túmulos, que tinham lugares próprios para isso.

Alguns, libertos desse costume, honramos a morte com outros atavios.

Finalmente, outros de nós, tendo ouvido a voz do Pastor da Galiléia, que ressurgiu da morte, atestando da Imortalidade do Espírito, entendemos que quem morre, prossegue vivo e atuante.

Aprendemos que o Espírito sopra onde quer, como disse Jesus, e assim compreendemos que não se faz imperioso ir aos cemitérios para dialogar com nossos mortos.

O diálogo acontece pelo pensamento, e os fios sublimes da oração são o melhor intercâmbio.

Qual a escada bíblica de Jacó, onde os anjos subiam e desciam dos céus à Terra, enviamos as nossas vibrações de saudade, nossos abraços espirituais, recordando-os, nas imagens vivas da nossa mente.

E, tranquilos, com eles nos encontramos, enquanto o sono físico nos recupera as forças.

Vamos ao seu encontro, arrefecemos um pouco a grande noite da saudade e formulamos votos de logo mais nos reencontrarmos, outra vez, na Espiritualidade.

Tudo reside no entendimento de cada um.

Por isso, respeitemos as manifestações diversas das nossas quanto à morte.

Mas, de nossa parte, continuemos a dar mostras de que somos os discípulos do Mestre da Imortalidade, Jesus Cristo, que nos legou uma tumba vazia, a fim de que O recordássemos sempre glorioso, na ressurreição do Espírito imortal.

Redação do Momento Espírita.