O mundo ainda é dos homens. São eles que dominam o mercado financeiro, a política, as nações.
São eles que ditam a moda, que dizem como a mulher deve se vestir, se calçar.
Hoje, a moda é ser magra, Top Model, busto grande, medidas certinhas.
Os homens querem assim e as mulheres se submetem. Ao menos, uma porção delas, que idealizam que o bom é ser fotografada, cobiçada e adulada.
Para isso, não há medida para os sacrifícios. Dietas rigorosas, malhação, poções ditas milagrosas para manter a forma física impecável.
As revistas que trazem receitas com dietas emagrecedoras vendem edições sem conta.
E as mulheres colocam silicone aqui, acolá, para ficar como dita a moda.
Submetem-se a cirurgias e modificam o nariz, a face.
E se entregam a toda sorte de atitudes, para aparecerem na revista, no jornal, na televisão.
Vestem trajes que deixam à mostra o busto, as pernas, as costas. Quase tudo.
Cós baixo, mini blusa, calça ajustada nas coxas, saia curta.
Paradoxalmente, estamos vivendo o momento em que 56% das cadeiras universitárias são ocupadas por mulheres.
Momento em que as mulheres se sobressaem na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo.
Momento das mulheres que assumem o lar, vão à luta, sustentam a casa, educam os filhos sozinhas.
Mulheres de coragem que não temem levantar pela madrugada, preparar o café, levar os filhos para a creche e enfrentar oito horas de trabalho.
Depois, buscar os filhos na creche, ajudar fazer a lição, cozinhar, lavar, passar.
Todo dia, seis ou sete dias por semana. E, quando chega o domingo, é preciso levar as crianças ao parque, andar de bicicleta, ajudar a estudar para a prova.
Uma rotina infindável! E ei-las ativas.
Heroínas anônimas, que não aparecem na TV. Muitas delas já abandonaram a silhueta da mocidade há muito tempo.
Aumentaram o tamanho do manequim, depois de muitas crianças geradas.
As pernas não têm a elegância das modelos. São pernas rijas, por vezes crivadas de varizes, por cuidados que não puderam se permitir, por repouso que não puderam gozar.
Por esforços além do possível que tiveram que empreender.
São essas mulheres as articuladoras da paz. Elas detestam a guerra, as gangues, a violência.
Porque isso tudo lhes rouba os filhos, razão de sua própria vida.
Por isso, elas lutam por mais vagas nas creches. Por mais segurança na saída das escolas.
Por isso elas educam os filhos no lar, ensinam valores morais, comparecem aos templos religiosos.
As mulheres. Articuladoras da paz.
Por elas, os problemas seriam resolvidos na mesa das discussões, sem confrontos bélicos, que fazem jorrar sangue.
Por elas, todas as crianças teriam um lar, comida, roupa, creche, escola.
Todas ganhariam presentes no natal e teriam doce à mesa, para a sobremesa.
Todas poderiam tomar sorvete, andar de roller e de skate. Isso porque a mulher mãe não distingue os seus dos filhos alheios.
Ela sabe o que é gerar e amar um filho. Ela sabe o quanto dói a dor do filho.
Oxalá esteja próximo o dia em que as mulheres objeto se unam a essas lutadoras de todos os dias. Oxalá se unam e mostrem toda sua força.
Oxalá... Porque desejamos paz ao Mundo. Desejamos ter crianças brincando no parque sem medo. Jovens nos bancos universitários.
Mulheres que honram o Mundo com suas presenças.
Redação do Momento Espírita, a partir de pronunciamento da roqueira Rita Lee.